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COMEMORAÇÃO DAS SETE DORES DE NOSSA SENHORA
3ª Classe- Missa própria, com comemoração da Féria
DIA DE ABSTINÊNCIA
Duas vezes no ano, a Igreja se lembra das Dores de Nossa Senhora. Com justa razão merece Maria Santíssima o título de “Co-redentora do gênero humano”, pois, heroicamente, ao pé da Cruz, uniu os seus sofrimentos aos de seu Filho, pela salvação do mundo.
Os textos da Santa Missa nos descrevem os sofrimentos e agonias de Nossa Senhora. Como a valorosa Judite, arriscando a vida, salvou o povo de Deus, assim Maria, sofrendo com o seu Filho, venceu a serpente infernal (Leitura) . Na Sequência, penetramos no abismo das Dores de Maria e no Evangelho a recebemos como nossa Mãe. É Jesus do trono de sua Cruz, quem nos recomenda a sua proteção maternal. No Ofertório, lembrando-lhe essa recomendação, imploramos a sua intercessão junto a Deus.
Páginas 1284 a 1289 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963)
PRÓPRIO DO DIA
Introito (Jo 19, 25 |ib., 26-27)
Stabant juxta Crucem Jesu Mater ejus, et soror Matris ejus, María Cléophæ, et Salóme et María Magdaléne. Ps. Múlier, ecce fílius tuus: dixit Jesus; ad discípulum autem: Ecce Mater tua. ℣. Glória Patri… | Estavam de pé junto à Cruz de Jesus, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, Salomé e Maria Madalena. Sl. Mulher, eis aí o teu filho, e, dirigindo-se ao discípulo, disse Jesus: Eis a tua Mãe. ℣. Glória ao Pai… |
Coleta
Deus, in cujus passióne, secúndum Simeónis prophetíam, dulcíssimam ánimam gloriósæ Vírginis et Matris Maríæ dolóris gladius pertransívit: concéde propítius; ut, qui transfixiónem eius et passiónem venerándo recólimus, gloriósis méritis et précibus ómnium Sanctórum Cruci fidéliter astántium intercedéntibus, passiónis tuæ efféctum felícem consequámur: Qui vivis et regnas. | Ó Deus, em cuja Paixão, segundo a profecia de Simeão, um gládio de dor traspassou o terníssimo coração da gloriosa Virgem Maria, vossa Mãe, concedei-nos, propício, que, recordando com veneração as suas Dores, possamos alcançar o feliz efeito de vossa Paixão. Vós, que, sendo Deus, viveis e reinais. |
2ª Coleta (da Féria)
Córdibus nostris, quǽsumus, Dómine, grátiam tuam benígnus infúnde: ut peccáta nostra castigatióne voluntária cohibéntes, temporáliter pótius macerémur, quam súppliciis deputémur ætérnis. Per D.N. | Infundi, Senhor, Vos rogamos, a vossa graça em nossos corações, a fim de que, reprimindo os nossos pecados pela mortificação voluntária, soframos antes as penas temporais, do que a condenação aos suplícios eternos. Por N.S. |
Leitura (Jd 13, 22 e 23-25)
Léctio libri Judith. Benedíxit te Dóminus in virtúte sua, quia per te ad níhilum redégit inimícos nostros. Benedícta es tu, fília, a Dómino, Deo excélso, præ ómnibus muliéribus super terram. Benedíctus Dóminus, qui creávit coelum et terram: quia hódie nomen tuum ita magnificávit, ut non recédat laus tua de ore hóminum, qui mémores fúerint virtútis Dómini in ætérnum, pro quibus non pepercísti ánimæ tuæ propter angústias et tribulatiónem géneris tui, sed subvenísti ruínæ ante conspéctum Dei nostri. |
Leitura do livro de Judite. O Senhor vos abençoou com seu poder, aniquilando por vosso intermédio os nossos inimigos. Bendita sois vós entre todas as mulheres da terra, ó filha do Senhor, Deus Altíssimo. Bendito seja o Senhor que criou o céu e a terra, pois de tal sorte glorificou o vosso nome que todos os homens vos louvarão, lembrando-se para sempre do poder do Senhor. Não poupastes a vossa vida, vendo as angústias e as tribulações de vosso povo, mas evitastes a sua ruína, apresentando-vos perante o nosso Deus. |
Gradual
Dolorósa et lacrimábilis es, Virgo María, stans iuxta Crucem Dómini Iesu, Fílii tui, Redemptóris. ℣. Virgo Dei Génetrix, quem totus non capit orbis, hoc crucis fert supplícium, auctor vitæ factus homo. |
Cheia de dor e de lágrimas, ó Virgem Maria, estáveis ao pé da Cruz do Senhor Jesus, vosso Filho, o Redentor. ℣. Ó Virgem Mãe de Deus, Aquele que o universo inteiro não pode conter, o Autor da vida feito Homem, sofre este suplicio da Cruz. |
Trato (- | Lamentações 1, 12)
Stabat sancta Maria, caeli Regina et mundi Domina, juxta Crucem Dómini nostri Jesu Christi dolorosa. ℣. O vos omnes, qui transitís per viam, atténdite et vidéte, si est dólor sicut dólor meus. | Cheia de dor estava de pé a santa Maria, Rainha do céu e Senhora do mundo, junto à Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. ℣. Ó vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se há dor semelhante à minha dor. |
Sequência
Stabat Mater dolorósa Iuxta Crucem lacrimósa, Dum pendébat Fílius. . Cuius ánimam geméntem, Contristátam et doléntem Pertransívit gládius. . O quam tristis et afflícta Fuit illa benedícta Mater Unigéniti! . Quæ mærébat et dolébat, Pia Mater, dum vidébat Nati poenas íncliti. . Quis est homo, qui non fleret, Matrem Christi si vidéret In tanto supplício? . Quis non posset contristári, Christi Matrem contemplári Doléntem cum Fílio? . Pro peccátis suæ gentis Vidit Iesum in torméntis Et flagéllis súbditum. . Vidit suum dulcem Natum Moriéndo desolátum, Dum emísit spíritum. . Eia, Mater, fons amóris, Me sentíre vim dolóris Fac, ut tecum lúgeam. . Fac, ut árdeat cor meum In amándo Christum Deum, Ut sibi compláceam. . Sancta Mater, istud agas, Crucifixi fige plagas Cordi meo válida. . Tui Nati vulneráti, Tam dignáti pro me pati, Poenas mecum dívide. . Fac me tecum pie flere, Crucifíxo condolére, Donec ego víxero. . Iuxta Crucem tecum stare Et me tibi sociáre In planctu desídero. . Virgo vírginum præclára. Mihi iam non sis amára: Fac me tecum plángere. . Fac, ut portem Christi mortem, Passiónis fac consórtem Et plagas recólere. . Fac me plagis vulnerári, Fac me Cruce inebriári Et cruóre Fílii. . Flammis ne urar succénsus, Per te, Virgo, sim defénsus In die iudícii. . Christe, cum sit hinc exíre. Da per Matrem me veníre Ad palmam victóriæ. . Quando corpus moriétur, Fac, ut ánimæ donétur Paradísi glória. Amen. |
Estava a Mãe dolorosa Junto da Cruz, lacrimosa, Vendo o Filho que pendia. . A sua alma agoniada Se partia, atravessada No gládio da profecia. . Oh ! quão triste e quão aflita, Estava a Virgem bendita, A Mãe do Filho Unigênito. . Quanta angústia não sentia, Mãe piedosa, quando via As penas do Filho seu. . Quem não chora, vendo isto, Contemplando a Mãe do Cristo Num suplício tão enorme. . Quem haverá que resista, Se a Mãe assim se contrista, Padecendo com seu Filho? . Por culpa de sua gente, Viu a Jesus inocente Aos flagelos submisso. . Viu o Filho muito amado, Que morria abandonado, Entregando o seu espírito. . Fase, ó Mãe, fonte de amor, Que eu sinta a fôrça da dor, Para contigo chorar. . Fase arder meu coração, Do Cristo Deus na paixão, Para que o possa agradar. . Ó Santa Mãe, dá-me isto. Trazer as chagas do Cristo Gravadas no coração. . Do teu Filho, que por mim Se entrega a uma morte assim, Divide as penas comigo. . Oh! dá-me enquanto viver, Com o Cristo compadecer, Chorando sempre contigo. . Junto da Cruz quero estar, Para assim me associar Ao martírio do teu pranto. . Virgem das Virgens, preclara, Jamais me sejas avara, Dá-me contigo chorar. . Traga era mim do Cristo a morte, Da Paixão seja eu consorte, Suas chagas celebrando. . Por elas seja eu rasgado, Pela Cruz inebriado, No sangue de Deus nutrido, . No Juízo, ó Virgem, consegue Às chamas não ser entregue Quem por ti é defendido. . Quando do mundo eu partir, Dá-me, ó Cristo, conseguir, Por tua Mãe, a vitória. . Quando o meu corpo morrer, Possa a alma merecer Do Reino celeste a glória. Amen. |
Evangelho (Jo 19, 25-27)
Sequéntia sancti Evangélii secúndum Lucam. In illo témpore: Stabant iuxta Crucem Iesu Mater eius, et soror Matris eius, María Cléophæ, et María Magdaléne. Cum vidísset ergo Iesus Matrem, et discípulum stantem, quem diligébat, dicit Matri suæ: Múlier, ecce fílius tuus. Deinde dicit discípulo: Ecce Mater tua. Et ex illa hora accépit eam discípulus in sua. – CREDO… |
Sequência do Santo Evangelho segundo Lucas. Naquele tempo, estavam junto à Cruz de Jesus, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, então, vendo sua Mãe e perto dela o discípulo que Ele amava, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis tua Mãe. E desde aquela hora a levou o discípulo para sua casa. – CREIO… |
Ofertório (Lc 1, 28 e 42)
Recordáre, Virgo, Mater Dei, dum stéteris in conspéctu Dómini, ut loquáris pro nobis bona, et ut avértat indignatiónem suam a nobis. | Ó Virgem, Mãe de Deus, estando na presença do Senhor, lembrai-vos de interceder em nosso favor, para que Ele afaste de nós sua indignação. |
Secreta
Offérimus tibi preces et hóstias, Dómine Iesu Christe, humiliter supplicántes: ut, qui Transfixiónem dulcíssimi spíritus beátæ Maríæ, Matris tuæ, précibus recensémus; suo suorúmque sub Cruce Sanctórum consórtium multiplicáto piíssimo intervéntu, méritis mortis tuæ, méritum cum beátis habeámus: Qui vivis et regnas. | Nós Vos oferecemos, ó Senhor, Jesus Cristo, estas preces e oblações e Vos rogamos humildemente que, recordando em nossas orações a Transfixão do terníssimo coração da Bem-aventurada Virgem Maria, vossa Mãe, graças à sua misericordiosíssima intercessão e à dos Santos que a acompanharam ao pé da Cruz, tenhamos parte com os Bem-aventurados nos méritos de vossa morte. Vós que, sendo Deus, viveis e reinais. |
2ª Secreta (da Féria)
Præsta nobis, miséricors Deus: ut digne tuis servíre semper altáribus mereámur; et eórum perpétua participatióne salvári. Per D.N. | Concedei, ó Deus misericordioso, mereçamos servir sempre dignamente aos vossos altares e sejamos salvos pela contínua participação destes mesmos Sacrifícios. Por N. S. |
Prefácio (da Ssma. Virgem)
℣. Dóminus vobíscum. ℞. Et cum spíritu tuo. ℣. Sursum corda. ℞. Habémus ad Dóminum. ℣. Grátias agámus Dómino Deo nostro. ℞. Dignum et iustum est. . Vere dignum et justum est, æqum et salutáre, nos tibi semper, et ubique grátias ágere: Dómine sancte, Pater omnípotens, ætérne Deus. Et te in Transfixione beátæ Mariæ semper Vírginis collaudáre, benedícere, et prædicáre. Quæ et Unigénitum tuum Sancti Spíritus obumbratióne concépit, et virginitátis glória permanénte, lumen ætérnum mundo effúdit, Jesum Christum Dóminum nostrum. Per quem majestátem tuam laudant Angeli, adórant Dominatiónes, tremunt Potestátes coeli coelorúmque Virtútes, ac beáta Séraphim, sócia exsultatióne concélebrant. Cum quibus et nostras voces ut admitti júbeas deprecámur, súpplici confessióne dicéntes: Sanctus, Sanctus, Sanctus… |
℣. O Senhor seja convosco. ℞. E com o vosso espírito, ℣. Para o alto os corações. ℞. Já os temos para o Senhor, ℣. Demos graças ao Senhor, nosso Deus. ℞. É digno e justo. . Verdadeiramente é digno e justo, razoável e salutar que, sempre e em todo o lugar, Vos demos graças, ó Senhor santo, Pai onipotente, eterno Deus. E que, na Transfixão da Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Vos louvemos, bendigamos e exaltemos. Por obra do Espírito Santo ela concebeu o vosso Unigênito, e permanecendo com a glória da virgindade, deu ao mundo a eterna Luz, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Por Ele os Anjos louvam a vossa Majestade, as Dominações a adoram, tremem as Potestades. Os Céus, as Virtudes dos Céus e os bem-aventurados Serafins a celebram com recíproca alegria. As suas vozes, nós Vos rogamos, mandeis que. se unam as nossas, quando, em humilde confissão, Vos dizemos: Santo, Santo, Santo… |
Comunhão
Felices sensus beátæ Maríæ Vírginis, qui sine morte meruérunt martýrii palmam sub Cruce Dómini. | Felizes as dores da santa Virgem, Maria, que, sem morte, ganharam a palma do martírio ao pé da Cruz do Senhor. |
Pós-comunhão
Sacrifícia, quæ súmpsimus, Dómine Iesu Christe, Transfixiónem Matris tuæ et Vírginis devóte celebrántes: nobis ímpetrent apud cleméntiam tuam omnis boni salutáris efféctum: Qui vivis et regnas. | Os sagrados Dons com que nos alimentamos, ó Senhor Jesus Cristo, celebrando piedosamente as Dores de vossa Mãe sempre Virgem, nos obtenham de vossa clemência o efeito de todos os bens da salvação. Vós que, sendo Deus, viveis e reinais. |
2ª Pós-comunhão (da Féria)
Sumpti sacrifícii, Dómine, perpetua nos tuítio non derelínquat: et nóxia semper a nobis cuncta depéllat. Per D.N. | A constante proteção deste Sacrifício agora recebido não nos desampare, ó Senhor, e para sempre afaste de nós todos os males. Por N. S. |
Traduções e comentários extraídos do Missal Quotidiano de D. Beda (1947/1962).