Féria de 1ª Classe – Missa Própria – Estação em S. Cruz de Jerusalém
O Ofício solene de hoje é celebrado na basílica chamada Santa Cruz em Jerusalém. Representa esta basílica a cidade de Jerusalém, e, conservando-se nela uma das principais relíquias do santo Lenho, mais particularmente relembra o lugar em que o Cristo foi crucificado. O imperador Constantino transformou o palácio de Santa Helena em igreja, agradecendo a vitoria que alcançara sobre seu adversário, “no sinal do Cristo”, em 312 .
Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor é o nome deste dia. Nele a Igreja não celebra o Santo Sacrifício da Missa. Em sinal de luto e para realçar mais a morte de Nosso Senhor na Cruz, ela congrega os fiéis em redor do Sumo Sacerdote que se oferece como Vítima pelos pecados do mundo. É dia de luto universal.
A solene ação litúrgica desse dia, que deve ser celebrada à tarde, das 15 horas, não, todavia, depois das 18 horas se divide em quatro partes: 1ª. as Leituras; 2ª. as Orações Solenes; 3ª. a Adoração da Cruz e 4ª. a Comunhão.
Instrução – A adoração da Cruz – Pe. Julio Maria de Lombaerde – clique aqui e leia
Páginas 407 a 435 do Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963).
Missa cantada às 15:00 na Capela do Colégio Santo Tomás de Aquino
(Meditação da Via Sacra nas ruas após a Adoração da Cruz).
PRÓPRIO DO DIA
1. AS LEITURAS
Tudo respira luto e tristeza. O altar está sem cruz, sem luzes e sem toalhas. Os Sacerdotes entram, em silêncio, e logo se prostram ao pé do altar.
Depois de uns instantes de silêncio, erguem-se e ficam de joelhos. Mas o Celebrante se põe de pé ante o altar e recita, de mãos postas, a seguinte oração:
Oração
Deus, qui peccáti véteris hereditáriam mortem, in qua posteritátis genus omne succésserat, Christi tui, Dómini nostri passióne solvísti: da, ut, confórmes eídem facti; sicut imáginem terrénae natúrae necessitáte portávimus, ita imáginem caeléstis grátiae sanctificatióne portémus. Per eúndem Christum Dóminum nostrum. ℞. Amen. | Ó Deus, que pela paixão de vosso Cristo, Senhor nosso, destruístes a morte herdada com o antigo pecado por toda posteridade, concedei que, tornando-nos semelhantes a Cristo e trazendo pela igualdade da natureza sua imagem terrena, possamos também trazer pela justificação a imagem de sua celeste graça. Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. ℞. Amén. |
I Leitura (Os 6, 1-6)
Hæc dicit Dóminus: In tribulatione sua mane consúrgent ad me: Veníte, et revertámur ad Dóminum: quia ipse cepit, et sanábit nos: percútiet, et curábit nos. Vivificábit nos post duos dies: in die tértia suscitábit nos, et vivémus in conspéctu ejus. Sciémus, sequemúrque, ut cognoscámus Dóminum: quasi dilúculum præparátus est egréssus ejus, et véniet quasi imber nobis temporáneus et serótinus terræ. Quid fáciam tibi, Ephraim? Quid fáciam tibi, Juda? misericórdia vestra quasi nubes matutína: et quasi ros mane pertránsiens. Propter hoc dolávi in prophétis, occídi eos in verbis oris mei: et judícia tua quasi lux egrediéntur. Quia misericórdiam vólui, et non sacrifícium, et sciéntiam Dei, plus quam holocáusta. | Eis o que diz o Senhor: Logo ao amanhecer, em sua aflição recorrerão a Mim, dizendo: Vinde, convertamo-nos ao Senhor; porque Ele nos castigou e Ele mesmo nos aliviará: feriu e nos há de curar. Depois de dois dias nos há de restituir a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará e nós viveremos perante a sua face. Assim devemos pensar e agir para melhor conhecer ao Senhor. Seu despontar será como a aurora e virá a nós como chuva oportuna que cai de tarde sobre a terra. Que te posso fazer, ó Efraim? Que te posso fazer, ó Judá? Vossa piedade se assemelha à nuvem matutina e ao orvalho que se evapora. Por isso os fiz sofrer pelos profetas e matei-os pelas palavras de minha boca; teu julgamento virá sobre ti como um raio de luz. Porque eu prefiro a misericórdia ao sacrifício, e o conhecimento de Deus aos holocaustos. |
I Tractus (Hab. 3)
Dómine, audívi audítum tuum, et tímui: considerávi ópera tua, et expávi. ℣. In médio duórum animálium innotescéris: dum appropinquáverint anni, sognoscéris: dum advénerit tempus, osténdens, ℣. In eo, dum conturbáta fúerit ánima mea: in ira, misericórdiæ memor eris. ℣. Deus a Líbano véniet, et Sanctus de monte umbróso et condénso. ℣. Opéruit cœlos majéstas ejus: et laudis ejus plena est terra. |
Senhor, eu ouço a vossa palavra e estremeço; contemplo as vossas obras e tremo. ℣. Entre dois seres vivos Vos manifestais; quando os anos se houverem aproximado, sereis conhecido e quando o tempo chegar, manifestar-Vos-eis novamente. ℣. Então, quando a minha alma estiver perturbada, ante a vossa ira, lembrai-Vos de vossa misericórdia. ℣. Deus vem do Líbano e o Santo desce da montanha coberto de sombra espessa. ℣. Sua Majestade cobre os céus, e a terra se enche de glória. |
Oração
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte.
Deus, a quo et Judas reátus sui pœnam, et confessiónis suæ latro prǽmium sumpsit, concéde nobis tuæ propitiatiónis efféctum: ut, sicut in passióne sua Jesus Christus, Dóminus noster, divérsa utrísque íntulit stipéndia meritórum; ita nobis, abláto vetustátis erróre, resurrectiónis suæ grátiam largiátur: Qui tecum vivit. |
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos.
Ó Deus, de quem Judas recebeu o castigo de sua culpa e o ladrão a recompensa de sua profissão de fé, concedei-nos o efeito de vossa misericórdia, a fim de que, assim como Nosso Senhor Jesus Cristo em sua Paixão, a um e outro tratou de modo diferente, segundo os seus méritos, assim também destrua em nós toda a antiga maldade e nos torne participantes da graça de sua Ressurreição. Ele que, sendo Deus, convosco vive e reina. |
II Leitura (Ex 12, 1-11)
In diébus illis: Dixit Dóminus ad Móysen et Aaron in terra Ægýpti: Mensis iste vobis princípium ménsium primus erit in ménsibus anni Loquímini ad univérsum cœtum filiórum Israël, et dícite eis: Décima die mensis hujus tollat unusquísque agnum per famílias et domos suas. Sin autem minor est númerus, ut suffícere possit ad vescéndum agnum, assúmet vicínum suum, qui junctus est dómui suæ, juxta númerum animárum, quæ suffícere possunt ad esum agni. Erit autem agnus absque mácula, másculus, annículus: juxta quem ritum tollétis et hædum. Et servábitis eum usque ad quartam décimam diem mensis hujus: immolabítque eum univérsa multitúdo filiórum Israël ad vésperam. Et sument de sánguine ejus, ac ponent super utrúmque postem et in superlimináribus domórum, in quibus cómedent illum. Et edent carnes nocte illa assas igni, et ázymos panes cum lactúcis agréstibus. Non comedétis ex eo crudum quid nec coctum aqua, sed tantum assum igni: caput cum pédibus ejus et intestínis vorábitis. Nec remanébit quidquam ex eo usque mane. Si quid resíduum fúerit, igne comburétis. Sic autem comedétis illum: Renes vestros accingétis, et calceaménta habébitis in pédibus, tenéntes báculos in mánibus, et comedétis festinánter: est enim Phase (id est tránsitus) Dómini. | Naqueles dias, disse o Senhor a Moisés e a Aarão, na terra do Egito: Este mês será para vós o primeiro dos meses; será para vós o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a assembléia dos filhos de Israel, e dizei-lhes: No décimo dia deste mês, tome, cada qual, um cordeiro para sua família e para sua casa. Se em uma casa não houver número suficiente de pessoas para comer o cordeiro, chamem-se da casa do vizinho mais próximo quantas pessoas bastem para comer o cordeiro. Este cordeiro deve ser sem mancha, masculino e deste ano. Observando o mesmo rito, podeis também tomar um cabrito. Guarda-lo-eis até o décimo quarto dia deste mês: e então, à tarde, toda a multidão dos filhos de Israel o imolará. E tomar-se-á o sangue com o qual serão pintados os dois umbrais e o limiar das casas em que o cordeiro for comido. Nessa mesma noite comerão a carne assada no lume, com pão ázimo e alfaces silvestres. Dele nada comereis cru ou cozido com água, mas tudo será assado no lume: a cabeça, os pés e as entranhas serão comidos. Nada deverá ficar para o dia seguinte. Se alguma coisa sobrar, tereis o cuidado de a consumir no fogo. E é assim que deveis comer: cingidos os vossos rins, calçados os vossos pés e segurando bordões na mão. Comereis com pressa, pois é a Páscoa (isto é, a passagem) do Senhor. |
II Tractus (Sl 139, 2-10 e 14)
Eripe me, Dómine, ab homine malo: a viro iníquo líbera me. ℣. Qui cogitavérunt malítias in corde: tota die constituébant prælia. ℣. Acuérunt linguas suas sicut serpéntis: venénum áspidum sub labiis eórum. ℣. Custódi me, Dómine, de manu peccatóris: et ab homínibus iníquis libera me. ℣. Qui cogitavérunt supplantáre gressus meos: abscondérunt supérbi láqueum mihi. ℣. Et funes extendérunt in láqueum pédibus meis: juxta iter scándalum posuérunt mihi. ℣. Dixi Dómino: Deus meus es tu: exáudi, Dómine, vocem oratiónis meæ. ℣. Dómine, Dómine, virtus salútis meæ: obúmbra caput meum in die belli. ℣. Ne tradas me a desidério meo peccatóri: cogitavérunt advérsus me: ne derelínquas me, ne umquam exalténtur. ℣. Caput circúitus eórum: labor labiórum ipsórum opériet eos. ℣. Verúmtamen justi confitebúntur nómini tuo: et habitábunt recti cum vultu tuo. |
Senhor, livrai-me do homem mau; livrai-me do homem injusto. ℣. Eles intentam maldades no coração: todo o dia suscitam rixas. ℣. Aguçam as línguas como a da serpente; veneno de áspide têm sob os lábios. ℣. Guardai-me, Senhor, da mão do pecador, e livrai-me dos homens iníquos. ℣. Eles planejam derrubar-me. Os soberbos, às escondidas, me armaram o laco. ℣. E estenderam cordas para me prender os pés; à beira do caminho me puseram tropeço. ℣. Eu digo ao Senhor: Vós sois meu Deus; ouvi, Senhor, a voz de minha súplica. ℣. Senhor, Senhor, força de minha salvação, Vós protegeis a minha cabeça no dia da batalha. ℣. Não me entregueis, contra minha vontade, ao pecador: eles tramam contra mim; não me desampareis, para que se não ensoberbeçam. ℣. As deprecações daqueles que me cercam recaíam sobre as suas próprias cabeças. ℣. Então os Justos glorificarão o vosso Nome, e os de coração reto habitarão perante Vós. |
Terminado o Trato, recita-se a Paixão.
Paixão (Jo 18, 1-40; 19, 1-42)
✠ – Cristo | C. – Cronista | S. – Sinagoga e Singular
✠ Pássio Dómini nostri Jesu Christi secúndum Joánnem In illo témpore: Egréssus est Jesus cum discípulis suis trans torréntem Cedron, ubi erat hortus, in quem introívit ipse et discípuli ejus. Sciébat autem et Judas, qui tradébat eum, locum: quia frequénter Jesus convénerat illuc cum discípulis suis. Judas ergo cum accepísset cohórtem, et a pontifícibus et pharisǽis minístros, venit illuc cum latérnis et fácibus et armis. Jesus ítaque sciens ómnia, quæ ventúra erant super eum, procéssit, et dixit eis: ✠ Quem quǽritis? C. Respondérunt ei: S. Jesum Nazarénum. C. Dicit eis Jesus: ✠ Ego sum. C. Stabat autem et Judas, qui tradébat eum, cum ipsis. Ut ergo dixit eis: Ego sum: abiérunt retrorsum, et cecidérunt in terram. Iterum ergo interrogávit eos: ✠ Quem quǽritis? C. Illi autem dixérunt: S. Jesum Nazarénum. C. Respóndit Jesus: ✠ Dixi vobis, quia ego sum: si ergo me quǽritis, sinite hos abíre. C. Ut implerétur sermo, quem dixit: Quia quos dedísti mihi, non pérdidi ex eis quemquam. Simon ergo Petrus habens gládium edúxit eum: et percússit pontíficis servum: et abscídit aurículam ejus déxteram. Erat autem nomen servo Malchus. Dixit ergo Jesus Petro: ✠ Mitte gládium tuum in vagínam. Cálicem, quem dedit mihi Pater, non bibam illum? C. Cohors ergo et tribúnus et minístri Judæórum comprehendérunt Jesum, et ligavérunt eum: et adduxérunt eum ad Annam primum, erat enim socer Cáiphæ, qui erat póntifex anni illíus. Erat autem Cáiphas, qui consílium déderat Judǽis: Quia expédit, unum hóminem mori pro pópulo. Sequebátur autem Jesum Simon Petrus et álius discípulus. Discípulus autem ille erat notus pontífici, et introívit cum Jesu in átrium pontíficis. Petrus autem stabat ad óstium foris. Exívit ergo discípulus álius, qui erat notus pontífici, et dixit ostiáriæ: et introdúxit Petrum. Dicit ergo Petro ancílla ostiária: S. Numquid et tu ex discípulis es hóminis istíus? C. Dicit ille: S. Non sum. C. Stabant autem servi et minístri ad prunas, quia frigus erat, et calefaciébant se: erat autem cum eis et Petrus stans et calefáciens se. Póntifex ergo interrogávit Jesum de discípulis suis et de doctrína ejus. Respóndit ei Jesus: ✠ Ego palam locútus sum mundo: ego semper dócui in synagóga et in templo, quo omnes Judǽi convéniunt: et in occúlto locútus sum nihil. Quid me intérrogas? intérroga eos, qui audiérunt, quid locútus sim ipsis: ecce, hi sciunt, quæ díxerim ego. C. Hæc autem cum dixísset, unus assístens ministrórum dedit álapam Jesu, dicens: S. Sic respóndes pontífici? C. Respóndit ei Jesus: ✠ Si male locútus sum, testimónium pérhibe de malo: si autem bene, quid me cædis? C. Et misit eum Annas ligátum ad Cáipham pontíficem. Erat autem Simon Petrus stans et calefáciens se. Dixérunt ergo ei: S. Numquid et tu ex discípulis ejus es? C. Negávit ille et dixit: S. Non sum. C. Dicit ei unus ex servis pontíficis, cognátus ejus, cujus abscídit Petrus aurículam: S. Nonne ego te vidi in horto cum illo? C. Iterum ergo negávit Petrus: et statim gallus cantávit. Addúcunt ergo Jesum a Cáipha in prætórium. Erat autem mane: et ipsi non introiérunt in prætórium, ut non contaminaréntur, sed ut manducárent pascha. Exívit ergo Pilátus ad eos foras et dixit: S. Quam accusatiónem affértis advérsus hóminem hunc? C. Respondérunt et dixérunt ei: S. Si non esset hic malefáctor, non tibi tradidissémus eum. C. Dixit ergo eis Pilátus: S. Accípite eum vos, et secúndum legem vestram judicáte eum. C. Dixérunt ergo ei Judǽi: S. Nobis non licet interfícere quemquam. C. Ut sermo Jesu implerétur, quem dixit, signíficans, qua morte esset moritúrus. Introívit ergo íterum in prætórium Pilátus, et vocávit Jesum et dixit ei: S, Tu es Rex Judæórum? C. Respóndit Jesus: ✠ A temetípso hoc dicis, an álii dixérunt tibi de me? C. Respóndit Pilátus: S. Numquid ego Judǽus sum? Gens tua et pontífices tradidérunt te mihi: quid fecísti? C. Respóndit Jesus: ✠ Regnum meum non est de hoc mundo. Si ex hoc mundo esset regnum meum, minístri mei útique decertárent, ut non tráderer Judǽis: nunc autem regnum meum non est hinc. C. Dixit itaque ei Pilátus: S. Ergo Rex es tu? C. Respóndit Jesus: ✠ Tu dicis, quia Rex sum ego. Ego in hoc natus sum et ad hoc veni in mundum, ut testimónium perhíbeam veritáti: omnis, qui est ex veritáte, audit vocem meam. C. Dicit ei Pilátus: S. Quid est véritas? C. Et cum hoc dixísset, íterum exívit ad Judǽos, et dicit eis: S. Ego nullam invénio in eo causam. Est autem consuetúdo vobis, ut unum dimíttam vobis in Pascha: vultis ergo dimíttam vobis Regem Judæórum? C. Clamavérunt ergo rursum omnes, dicéntes: S. Non hunc, sed Barábbam. C. Erat autem Barábbas latro. Tunc ergo apprehéndit Pilátus Jesum et flagellávit. Et mílites plecténtes corónam de spinis, imposuérunt cápiti ejus: et veste purpúrea circumdedérunt eum. Et veniébant ad eum, et dicébant: S. Ave, Rex Judæórum. C. Et dabant ei álapas. Exívit ergo íterum Pilátus foras et dicit eis: S. Ecce, addúco vobis eum foras, ut cognoscátis, quia nullam invénio in eo causam. C. (Exívit ergo Jesus portans corónam spíneam et purpúreum vestiméntum.) Et dicit eis: S. Ecce homo. C. Cum ergo vidíssent eum pontífices et minístri, clamábant, dicéntes: S. Crucifíge, crucifíge eum. C. Dicit eis Pilátus: S. Accípite eum vos et crucifígite: ego enim non invénio in eo causam. C. Respondérunt ei Judǽi: S. Nos legem habémus, et secúndum legem debet mori, quia Fílium Dei se fecit. C. Cum ergo audísset Pilátus hunc sermónem, magis tímuit. Et ingréssus est prætórium íterum: et dixit ad Jesum: S. Unde es tu? C. Jesus autem respónsum non dedit ei. Dicit ergo ei Pilátus: S. Mihi non lóqueris? nescis, quia potestátem hábeo crucifígere te, et potestátem hábeo dimíttere te? C. Respóndit Jesus: ✠ Non habéres potestátem advérsum me ullam, nisi tibi datum esset désuper. Proptérea, qui me trádidit tibi, majus peccátum habet. C. Et exínde quærébat Pilátus dimíttere eum. Judǽi autem clamábant dicéntes: S. Si hunc dimíttis, non es amícus Cǽsaris. Omnis enim, qui se regem facit, contradícit Cǽsari. C. Pilátus autem cum audísset hos sermónes, addúxit foras Jesum, et sedit pro tribunáli, in loco, qui dícitur Lithóstrotos, hebráice autem Gábbatha. Erat autem Parascéve Paschæ, hora quasi sexta, et dicit Judǽis: S. Ecce Rex vester. C. Illi autem clamábant: S. Tolle, tolle, crucifíge eum. C. Dicit eis Pilátus: S. Regem vestrum crucifígam? C. Respondérunt pontífices: S. Non habémus regem nisi Cǽsarem. C. Tunc ergo trádidit eis illum, ut crucifigerétur. Suscepérunt autem Jesum et eduxérunt. Et bájulans sibi Crucem, exívit in eum, qui dícitur Calváriæ, locum, hebráice autem Gólgotha: ubi crucifixérunt eum, et cum eo alios duos, hinc et hinc, médium autem Jesum. Scripsit autem et títulum Pilátus: et pósuit super crucem. Erat autem scriptum: Jesus Nazarénus, Rex Judæórum. Hunc ergo títulum multi Judæórum legérunt, quia prope civitátem erat locus, ubi crucifíxus est Jesus. Et erat scriptum hebráice, græce et latíne. Dicébant ergo Piláto pontífices Judæórum: S. Noli scríbere Rex Judæórum, sed quia ipse dixit: Rex sum Judæórum. C. Respóndit Pilátus: S. Quod scripsi, scripsi. C. Mílites ergo cum crucifixíssent eum, acceperunt vestimenta ejus (et fecérunt quátuor partes: unicuique míliti partem), et túnicam. Erat autem túnica inconsútilis, désuper contéxta per totum. Dixérunt ergo ad ínvicem: S. Non scindámus eam, sed sortiámur de illa, cujus sit. C. Ut Scriptúra implerétur, dicens: Partíti sunt vestiménta mea sibi: et in vestem meam misérunt sortem. Et mílites quidem hæc fecérunt. Stabant autem juxta Crucem Jesu Mater ejus et soror Matris ejus, María Cléophæ, e María Magdaléne. Cum vidísset ergo Jesus Matrem et discípulum stantem, quem diligébat, |
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João. Naquele tempo, passou Jesus com os seus discípulos à outra banda do rio Cedron, onde havia um horto no qual entrou com os seus discípulos. Judas, que o traía, conhecia também esse lugar, porque muitas vezes Jesus ali viera com os seus discípulos. Tendo pois, tomado uma companhia de soldados e de servos, fornecidos pelos pontífices e fariseus, veio Judas a esse lugar, com lanternas, archotes e armas. Jesus, que sabia tudo o que ia acontecer, foi-lhes ao encontro e disse: A quem procurais? Eles responderam: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. Ora, Judas, que o atraiçoava, estava também com eles. Apenas Jesus lhes disse: Sou eu, retrocederam e caíram por terra. Perguntou-lhes Jesus, pela segunda vez: A quem procurais? Responderam eles: A Jesus Nazareno. Respondeu Jesus: Já vos disse que sou eu; se, pois, só a mim buscais, deixai ir a estes. Assim se cumpriu a palavra que havia dito: Não perdi nenhum dos que me destes. Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu um servo do pontífice, cortando-lhe a orelha direita. Este servo chamava-se Malco. Disse Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha. O cálice que meu Pai me deu, não o beberei eu? Então, a corte, o tribunal e os servos dos judeus prenderam a Jesus e O amarraram; e O conduziram primeiramente a Anaz, porque era sogro de Caifás que era o pontífice naquele ano. Ora, Caifás era o que havia dado este conselho aos judeus: Convém que um homem morra pelo povo. Entretanto Simão Pedro e o outro discípulo [João] seguiram a Jesus. Este discípulo, que era conhecido do pontífice, entrou com Jesus no pátio do palácio; mas Pedro ficou fora, à porta. Saiu então o discípulo que conhecia o pontífice, falou à porteira e esta fez Pedro entrar. E então disse a porteira a Pedro: Não és tu também um dos discípulos desse homem? Respondeu ele: Não sou. Estavam ali os servos e os guardas em torno do braseiro, aquecendo-se, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, de pé, aquecendo-se também. O pontífice, no entanto, inquiriu Jesus acerca de seus discípulos e de sua doutrina. Respondeu-lhe Jesus: Eu falei publicamente ao mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo a que afluem todos os judeus; e nada disse ocultamente. Por que me interrogas? Pergunta àqueles que me ouviram; eles sabem o que lhes ensinei. Tendo Jesus proferido estas palavras, um dos guardas que aí se achavam, deu-Lhe uma bofetada, dizendo: Assim respondes ao pontífice? Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, traze-me o testemunho do mal, mas se falei bem, por que me bates? E Anás enviou-O maniatado ao pontífice Caifás. Ainda ali estava Simão Pedro, de pé, a aquecer-se. Disseram-lhe então: Não és também um dos seus discípulos ? Ele negou, dizendo: Não sou. Disse-lhe um dos servos do pontífice, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: Porventura não te vi eu no horto com Ele? E Pedro negou outra vez; e logo depois o galo cantou. Conduziram então Jesus da casa de Caifás ao pretório. Era manhã, e eles não entraram no pretório para não ficarem impuros e poderem comer o cordeiro pascal. Pilatos veio fora, junto a eles e disse-lhes: Que acusações trazeis contra este homem? Replicaram-lhe com estas palavras: Se não fosse um malfeitor, não O entregaríamos a ti. Disse-lhes Pilatos: Levai-O e julgai-O segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: Não nos é permitido matar ninguém. Foi dito isto para que se cumprisse a palavra que Jesus dissera, indicando de que morte havia de morrer Entrou Pilatos outra vez no pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: És Tu o Rei dos judeus? Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo ou foram outros que to disseram de mim? Respondeu Pilatos. Sou eu, porventura, judeu? Tua gente e os pontífices Te entregaram a mim. Que fizeste pois? Respondeu Jesus: Meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, meus ministros pelejariam para que eu não fosse entregue aos judeus; agora porém, não é daqui o meu Reino. Disse-Lhe então Pilatos-. Logo, Tu és Rei ? Respondeu Jesus: Tu dizes; eu sou Rei. Eu para isto nasci e para isto vim ao mundo a fim de dar testemunho à verdade. Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz. Disse-Lhe Pilatos: Que coisa é a verdade? E dizendo isto, foi ter outra vez com os judeus e lhes disse: Nenhum crime acho n’Ele. É porém costume entre vós que eu vos liberte um preso pela Páscoa; quereis, pois, que vos solte o Rei dos judeus? Então tornaram todos a clamar, dizendo: Este não, e sim Barrabás. Ora, Barrabás era um ladrão. Então Pilatos prendeu a Jesus e O mandou, açoitar. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na sobre a cabeça de Jesus e O revestiram com um manto de púrpura. E aproximavam-se d’Ele e diziam-Lhe: Salve, Rei dos judeus! E davam-Lhe bofetadas. Pilatos tornou ainda a sair e disse-lhes: Ei-Lo, aqui O trago para que saibais que não acho n’E!e nenhum delito. (Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.) E disse-lhes Pilatos: Eis o homem. Vendo-O, os pontífices e os guardas puseram-se a gritar: Crucifica-O, crucifica-O. Disse-lhes Pilatos: Tomai-O vós e crucificai-O: porque não acho n’ Ele crime algum. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo essa lei, Ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus. Quando Pilatos ouviu estas palavras, temeu ainda mais. E entrou outra vez no pretório e disse a Jesus: Donde és Tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-Lhe então Pilatos: Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te crucificar e poder para te por em liberdade? Respondeu Jesus: Não terias poder algum sobre mim, se te não fosse dado do alto. Por isso aquele que a ti me entregou, tem maior pecado. Desde esse momento, procurava Pilatos o meio de O livrar. Mas os judeus gritavam: Se soltas este homem, não és amigo de César; porque todo aquele que se faz rei, declara-se contra César. Ao ouvir Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para fora e assentou-se em seu tribunal, no lugar chamado em grego Lithóstrotos e em hebraico Gabbatha. Era o dia da preparação da Páscoa, e quase à hora sexta. E disse Pilatos aos judeus: Eis o vosso Rei. Eles, porém, clamavam: Fora! fora com Ele! Crucifica-O. Disse-lhes Pilatos: Pois hei de crucificar o vosso Rei? Revidaram os pontífices: Não temos outro Rei senão César. Então, finalmente, Pilatos lhes entregou Jesus para ser crucificado. Eles tomaram pois a Jesus e O levaram. E Jesus, carregando a sua cruz às costas, saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota, onde O crucificaram, e com Ele dois outros, um de cada lado, e Jesus no meio. Escreveu também Pilatos um título que mandou colocar sobre a cruz. E nele estava escrito: Jesus Nazareno, Rei dos judeus. Muitos dos judeus leram esse título, porque era perto da cidade o lugar onde Jesus fora crucificado. E a inscrição era em hebraico, grego e latim. Diziam pois a Pilatos os pontífices dos’ judeus: Não escrevas: Rei dos judeus, mas sim como Ele disse: Sou o Rei dos judeus. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi. Os soldados, porém, depois de haverem crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes (dividindo-as em quatro partes, uma para cada soldado); e tomaram também a túnica. Esta era sem costura, toda tecida de alto a baixo. E disseram então uns aos outros: Não a rasguemos; mas tiremos por sorte quem há de levá-la. Para que se cumprisse a Escritura, que diz: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitaram sortes. E assim mesmo fizeram os soldados. Estavam de pé junto à cruz de Jesus, sua Mãe, e a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena. Jesus, então, vendo sua Mãe e perto dela o discípulo que Ele amava, disse à sua Mãe: Mulher, eis o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis a tua Mãe. E desde aquela hora, recebeu-a o discípulo em sua casa. Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para que ainda se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede. Havia ali um vaso cheio de vinagre. E os soldados embeberam no vinagre uma esponja, que prenderam num hissopo, e chegaram-na à sua boca. Havendo Jesus tomado o vinagre, disse: Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, expirou. (Aqui todos se ajoelham, havendo uma pausa, para honrar a morte de Nosso Senhor). Como era a preparação da Páscoa, para que não ficassem na cruz os corpos em dia de sábado (porque aquele dia de sábado era de grande solenidade), rogaram os judeus a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e os corpos fossem tirados. Vieram pois os soldados e quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que com Ele fora crucificado. Tendo vindo depois a Jesus, como O viram já morto, não Lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados Lhe abriu o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. E aquele que o viu, deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. E ele sabe que disse a verdade, para que também o creiais. Porque estas coisas aconteceram para que se cumprissem as palavras da Escritura: Não lhe quebrareis osso algum. E também diz outro aqueles a quem traspassaram, Depois disso, José de Arimateia (que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos consentiu. José veio, pois, e tirou o corpo de Jesus. Nicodemos, aquele que fora visitar a Jesus pela primeira vez, à noite, veio também, trazendo uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés. Tomaram então o corpo de Jesus e O envolveram em lençóis com aromas, segundo o costume de sepultar dos judeus. Havia no lugar em que Jesus fora crucificado, um horto, e nele uma sepultura nova onde ninguém fora ainda depositado. Ali pois, por ser o dia de Parasceve dos judeus, e porque aquele sepulcro estava perto, colocaram a Jesus. |
2. AS ORAÇÕES SOLENES
Terminado o canto da Paixão, estende-se uma toalha sobre o altar, colocando o livro no meio. O Celebrante veste o pluvial preto e sobe ao altar, onde inicia as Orações solenes.
Pela Santa Igreja
Orémus, dilectíssimi nobis, pro Ecclésia sancta Dei: ut eam Deus et Dóminus noster pacificáre, adunáre, et custodíre dignétur toto orbe terrárum: subjíciens et principátus, et potestates: detque nobis quiétam et tranquíllam vitam degéntibus glorificá re Deum Patrem omnipoténtem.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, qui glóriam tuam ómnibus in Christo géntibus revelásti: custódi ópera misericórdiæ tuæ; ut Ecclésia tua, toto orbe diffúsa, stábili fide in confessióne tui nóminis persevéret. Per eúndem Dóminum nostrum. |
Oremos, irmãos caríssimos pela santa Igreja de Deus, para que Deus, Nosso Senhor, se digne dar-lhe a paz, conservá-la em união e defendê-la por toda a terra, sujeitando-lhe os principados e potestades deste mundo, e nos conceda uma vida calma e tranquila, para glorificarmos a Deus, Pai onipotente.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, que em Cristo revelastes a vossa glória a todas as nações, conservai as obras de vossa misericórdia a fim de que vossa Igreja por todo o mundo espalhada, persevere com fé constante na confissão de vosso Nome. Pelo mesmo J. C. |
Pelo Sumo Pontífice
Orémus et pro beatíssimo Papa nostro Franciscum ut Deus et Dóminus noster, qui elégit eum in órdine episcopátus, salvum, atque incólumen custódiat Ecclésiæ suæ sanctæ, ad regéndum pópulum Sanctum Dei.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, cujus judício univérsa fundántur: réspice propítius ad preces nostras, et electum nobis Antístitem tua pietáte consérva; ut christiána plebs, quæ te gubernátur auctóre, sub tanto Pontífice, credulitátis suæ méritis augeátur. Per Dóminum nostrum. |
Oremos também por nosso Santíssimo Padre, o Papa Francisco, para que Deus, Nosso Senhor, que o elegeu na ordem do Episcopado, o conserve salvo e incólume para bem de sua santa Igreja e para governar o santo povo de Deus.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, por cuja sabedoria subsistem todas as coisas, atendei propício às nossas preces, e por vossa bondade conservai-nos o Pastor escolhido, para que o povo cristão que por vossa autoridade ele governa, cresça nos méritos da fé, sob a direção de tão grande Pontífice. Por N. S. |
Por todas as ordens do clero e categorias de fiéis
Orémus et pro ómnibus Epíscopis, Presbyteris, Diacónibus, Subdiacónibus, Acólythis, Exorcístis, Lectóribus, Ostiáriis, Confessóribus, Virginibus,Víduis: et pro omni pópulo sancto Dei.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, cujus spíritu totum corpus Ecclésiæ sanctificétur et régitur: exáudi nos pro univérsis ordínibus supplicántes; ut grátiæ tuæ múnere, ab ómnibus tibi grádibus fidéliter serviátur. Per D.N., … in unitáte ejúsdem. |
Oremos também por todos os Bispos, Presbíteros, Diáconos, Subdiáconos, Acólitos, Exorcistas, Leitores, Porteiros, Confessores [Religiosos], Virgens, Viúvas e por todo o santo povo de Deus.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, cujo Espírito santifica e rege todo o corpo da Igreja, ouvi as humildes preces que fazemos por todas as Ordens, a fim de que, por vossa graça, cada uma destas hierarquias fielmente Vos sirva. Por N. S… em união com o mesmo. |
Pelos governantes
Orémus et pro ómnibus res públicas moderántibus, eorúmque ministériis et potestátibus: ut Deus et Dóminus noster mentes et corda eórum secúndum voluntátem suam dírigat ad nostram perpétuam pacem.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, in cujus manu sunt ómnium potestátes et ómnium jura populórum: réspice benígnus ad eos, qui nos in potestáte regunt; ut ubíque terrárum, déxtera tua protegénte, et religiónis intégritas, et pátrise secúritas indesinénter consístat. Per D. N. |
Oremos também por todos os governantes das nações, seus ministérios e domínios, a fim de que Deus e Senhor nosso lhes dirija as inteligências e os corações segundo a sua vontade para nossa perpétua paz.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e etemo Deus, em cujas mãos estão os poderes e os direitos de todos os povos; volvei vosso olhar de bondade para aqueles que nos governam, a fim de que, no mundo inteiro, sob vossa mão protetora, permaneçam estáveis a integridade da religião e a segurança da pátria. Por N. S. |
Pelos catecúmenos
Orémus et pro catechúmenis nostris: ut Deus et Dóminus noster adapériat aures præcordiórum ipsórum, januámque misericórdiæ; ut per lavá crum regeneratiónis accépta remissióne ómnium peccatórum, et ipsi inveniántur in Christo Jesu Dómino nostro.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, qui Ecclésiam tuam nova semper prole fœcúndas: auge fidem et intelléctum catechúmenis nostris; ut renáti fonte baptísmatis, adoptiónis tuæ fíliis aggregéntur. Per D. N. |
Oremos também por nossos catecúmenos, para que Deus, Nosso Senhor, lhes abra os ouvidos do coração e a porta da sua misericórdia, a fim de que, recebendo a remissão de todos os seus pecados no batismo da regeneração, sejam conosco também incorporados em Jesus Cristo Nosso Senhor.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, que dais continuamente novos filhos à vossa Igreja, aumentai a fé e a inteligência de nossos catecúmenos, para que, renascidos na fonte batismal, sejam contados entre os filhos de vossa adoção. Por N. S. |
Pelas necessidades dos fiéis
Orémus, dilectíssimi nobis, Deum Patrem omnipoténtem, ut cunctis mundum purget erróribus: morbos aúferat: famem depéllat: apériat cárceres: víncula dissólvat: peregrinántibus réditum infirmantibus sanitátem; navigántibus portum salútis indúlgeat.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, mœstórum consolátio, laborántium fortitúdo: pervéniant ad te preces de quacúmque tribulatióne clamántium; ut omnes sibi in necessitátibus suis misericórdiam tuam gaúdeant affuísse. Per D. N. |
Oremos, irmãos caríssimos, a Deus, Pai onipotente, para que purifique o mundo de todos os erros, dissipe as enfermidades, desterre a fome, abra as prisões, quebre os grilhões dos cativos, conceda aos viandantes feliz regresso, aos enfermos, a saúde, e aos navegantes, o porto do salvamento.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, consolação dos tristes e força dos que trabalham, permiti subam até Vós as súplicas dos que em qualquer tribulação Vos invocam para que tenham todos a alegria de receber em suas necessidades o socorro de vossa misericórdia. Por N. S. |
Pela unidade da Igreja
Orémus et pro hæréticis et schismáticis: ut Deus et Dóminus noster éruat eos ab erróribus univérsis; et ad sanctam matrem Ecclésiam Cathólicam, atque Apostólicam revocáre dignétur.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, qui salvas omnes, et néminem vis períre réspice ad ánimas diabólica fraude decéptas; ut omni hærética pravitáte depósita, errántium corda resipíscant, et ad veritátis tuæ rédeant unitátem. Per D. N. |
Oremos também pelos hereges e cismáticos, para que Deus, Nosso Senhor, os livre de todos os erros e se digne reconduzi-los à santa Madre Igreja Católica e Apostólica.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, que salvais todos os homens e não quereis a perdição de ninguém, volvei os vossos olhos para as almas seduzidas pelos artifícios do demônio, para que abandonando toda a maldade da heresia, se arrependam de seus erros e voltem à participação de vossa verdade. Por N. S. |
Pela conversão dos judeus
Orémus et pro Judaeis: ut Deus et Dóminus noster áuferat velámen de córdibus eórum; ut et ipsi agnóscant Jesum Christum Dóminum nostrum.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, qui étiam Judaeos a tua misericórdia nos repéllis: exáudi preces nostras, quas pro illíus pópuli obcaecatióne deférimus; ut, quae Christus est, a suis ténebris eruántur. Per eúndem D. N. |
Oremos também pelos Judeus, para que Deus, Nosso Senhor, tire de seus corações o véu da cegueira, a fim de chegarem ao conhecimento de N. S. Jesus Cristo.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente e eterno Deus, que em vosso misericórdia não repelis nem mesmo os judeus, ouvi as preces que Vos fazemos pela cegueira deste povo, para que reconhecendo ele a luz de vossa Verdade, que é o Cristo, seja livre de suas trevas. Pelo mesmo J.C. |
Pela conversão dos infiéis
Orémus et pro pagánis: ut Deus omnípotens áuferat iniquitátem a córdibus eórum; ut relíctis idólis suis, convertántur ad Deum vivum et verum, et únicum Fílium ejus Jesum Christum Deum et Dóminum nostrum.
Orémus. Flectámus génua. ℞. Leváte. Omnípotens sempitérne Deus, qui non mortem peccatórum, sed vitam semper inquíris: súscipe propítius oratiónem nostram, et líbera eos ab idolórum cultúra; et ággrega Ecclésiæ tuæ sanctæ, ad laudem, et glóriam nominis Tui. Per D. N. |
Oremos também pelos pagãos, a fim de que o Deus onipotente tire a miséria do pecado de seus corações e eles abandonem os seus ídolos, e se convertam ao Deus vivo e verdadeiro e a seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Deus e Senhor Nosso.
Oremos. Ajoelhemos. ℞. Levantai-vos. Onipotente é eterno Deus, que sempre quereis não a morte, mas sim a vida dos pecadores, recebei benignamente a nossa oração, livrai-os do culto dos ídolos e agregai-os à vossa santa Igreja para honra e glória de vosso Nome. Por N. S. |
3. ADORAÇÃO DA CRUZ
A solenidade com que a santa Igreja reveste as cerimônias da adoração da Santa Cruz, mostra a solicitude e seu amor para com o Mistério de nossa Redenção.
O novo decreto do Sagrada Congregação dos Ritos, de que já falamos, modificou um pouco esta parte. O Celebrante depõe os paramentos pretos. A Cruz é trazida processionalmente da Sacristia (onde houver Diácono, por este; onde não houver, pelo Celebrante), precedida de dois acólitos, e ladeados de outros dois com candelabros acesos. É levada ao lado da Epístola, pura ser descoberta.
Em três atos sucessivos o Celebrante sobe de cada vez, mais um degrau e aproxima-se mais do altar, de cada vez descobrindo mais uma parte da Cruz, e cantando em tom mais alto a seguinte antífona:
Ecce lignum Crucis, in quo salus mundi pepéndit. | Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. |
O coro responde:
Vénite, adorémus. | Vinde, adoremos. |
Em seguida, a Cruz é entregue a dois acólitos que a sustentam pelos braços, ereta, repousando o pé no supedâneo do altar. Dois acólitos ajoelham no degrau superior, aos lados, com candelabros acesos. E procede-se à adoração pelo Clero. Terminada esta, a Cruz é levada para a entrada do coro para a adoração pelo povo.
Enquanto todos adoram, os cantores e o coro alternadamente cantam os Impropérios, queixas de Jesus ao seu povo fiel. Elas se dirigem também a nós e nos concitam a uma sincera e humildemente conversão.
Unimo-nos a Jesus Crucificado e com Ele rendemos o nosso culto de adoração ao Deus Santo, forte e imortal, e satisfazemos por nossos pecados. As respostas são em latim e em grego, as duas línguas principais , para significar que toda a humanidade se reúne ao pé da Cruz.
Enquanto se efetua a adoração da Cruz, os cantores e os dois coros cantam alternadamente:
Impropérios
I.
Pópule meus, quid feci tibi? aut in quo contristávite? respónde mihi. ℣.Quia eduxi to de terra Ægypti: parásti crucem Salvatóri tuo. . 1º Coro. Agios o Theos. 2º Coro. Sanctus Deus. 1º Coro. Agios Ischyros. 2º Coro.Sanctus fortis 1º Coro. Agios athánatos, eléison imas. 2º Coro. Sanctus immortális, miserére nobis. . ℣. Quia edúxi te per desértum quadragínta annis, et manna cibá vi te, et introdúxi te in terram satis bonam: parásti Crucem Salvatóri tuo. . 1º Coro. Agios o Theos. 2º Coro. Sanctus Deus. 1º Coro. Agios Ischyros. 2º Coro.Sanctus fortis 1º Coro. Agios athánatos, eléison imas. 2º Coro. Sanctus immortális, miserére nobis. . ℣. Quid ultra débui fácere tibi, et non feci? Ego quidem plantávi te víneam meam speciosíssimam: et tu facta es mihi nimis amára: acéto namque sitim meam potásti: et láncea perforásti latus Salvatóri tuo. . 1º Coro. Agios o Theos. 2º Coro. Sanctus Deus. 1º Coro. Agios Ischyros. 2º Coro.Sanctus fortis 1º Coro. Agios athánatos, eléison imas. 2º Coro. Sanctus immortális, miserére nobis. |
Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. ℣. Por te haver tirado da terra do Egito, preparaste uma Cruz para o teu Salvador. . 1º Coro: Ó Deus Santo. 2º Coro: Ó Deus Santo. 1º Coro: Santo e Poderoso. 2º Coro: Santo e Poderoso. 1º Coro: Santo e Imortal, tende piedade de nós. 2º Coro: Santo e Imortal, tende piedade de nós. . ℣. Porque durante quarenta anos te conduzi pelo deserto, te alimentei com o maná, e te introduzi em uma terra excelente, preparaste uma Cruz para o teu Salvador.. . 1º Coro: Ó Deus Santo. 2º Coro: Ó Deus Santo. 1º Coro: Santo e Poderoso. 2º Coro: Santo e Poderoso. 1º Coro: Santo e Imortal, tende piedade de nós. 2º Coro: Santo e Imortal, tende piedade de nós. . ℣. Que mais te deveria fazer, que não tivesse feito? Qual vinha especiosíssima te plantei, e tu para mim te converteste em excessiva amargura, pois em minha sede me deste a beber vinagre, e com uma lança atravessaste o lado de teu Salvador. . 1º Coro: Ó Deus Santo. 2º Coro: Ó Deus Santo. 1º Coro: Santo e Poderoso. 2º Coro: Santo e Poderoso. 1º Coro: Santo e Imortal, tende piedade de nós. 2º Coro: Santo e Imortal, tende piedade de nós. |
II.
℣. Ego propter te flagellávi Ægyptum cum primogénitis suis: et to me flagellátum tradidísti. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego edúxi te de Ægypto, demérso Pharaóne in Mare Rubrum: et tu me tradidísti princípibus sacerdótum. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego ante te apéruli mare: et tu aperuísti láncea latus meum. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego te ante præívi in colúmna nubis: et tu me duxísti ad prætórium Piláti. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego te pavi manna per desértum: et tu me cecidísti álapis et flagéllis. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego te potávi aqua salútis de petra: et to me potásti felle, et acéto. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego propter te Chananæórum reges percússi: et tu percussísti arúndine caput meum. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego dedi tibi sceptrum regále, et to dedísti cápiti meo spíneam corónam. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. . ℣. Ego te exaltávi magna virtúte: et tu me suspendísti in patíbulo Crucis. . Pópule meus, quid feci tibi? Aut in quo contristávite? respónde mihi. |
℣. Por tua causa flagelei o Egito em seus primogênitos; e tu aos açoites me entregaste. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Tirei-te do Egito, e submergi o Faraó no mar Vermelho; e tu me entregaste aos príncipes dos sacerdotes. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Abri o mar à tua passagem; e tu me abriste o lado com uma lança. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Caminhei diante de ti em uma coluna luminosa; e tu me levaste ao pretório de Pilatos.℣. Alimentei-te com o maná do deserto; e tu me feriste com bofetadas e açoites. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Fiz brotar da pedra água de salvação para te saciar; e tu com fel e vinagre me abeberaste. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Por tua causa feri os reis de Canaã; e tu, com uma cana feriste a minha, cabeça. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Dei-te um cetro real; e tu me puseste na cabeça uma coroa de espinhos. . Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. . ℣. Exaltei-te a um grande poder; e tu me suspendeste no patíbulo da Cruz.Povo meu, que te fiz eu? ou em que te contristei? Responde-me. |
Apesar da estranha humilhação em que se encontra Jesus na Cruz, não esqueçamos que este símbolo de desprezo se tornou para nós nesse momento, o Sinal de nossa Vitória, da nossa Redenção. Eis porque, do íntimo de nossa alma irrompe a Antífona seguinte:
III.
Crucem tuam adorámus Dómine, et sanctam resurrectiónem tuam laudámus et glorificamus; ecce enim propter lignum venit gáudium in univérso mundo. Ps. Deus misereátur nostri, et benedícat nobis: illúminet vultum suum super nos, et miseréatur nostri. — Crucem tuam… | Senhor, nós adoramos a vossa Cruz, celebramos e glorificamos a vossa santa Ressurreição; porque foi pelo madeiro da Cruz que a alegria apareceu no mundo inteiro. Sl. Deus se compadeça de nós, e nos conceda a sua bênção; faça resplandecer sobre nós a luz de sua face e tenha piedade de nós. — Senhor, nós adoramos a vossa Cruz … |
IV.
Crux fidélis inter omnes Arbor una nóbilis: Nulla silva talem profert Fronde, flore, gérmine. Dulce lignum, dulces clavos, Dulce pondus sústinet. . Pange lingua gloriósi Láuream certáminis, Et super crucis trophæo Dic triúmphum nóbilem: Quáliter Redémptor orbis Immolátus vícerit. . Crux fidélis inter omnes Arbor una nóbilis: Nulla silva talem profert Fronde, flore, gérmine. . De paréntis protoplásti Fraude factor cóndolens, Quando pomi noxiális In necem morsu ruit: Ipse lignum tunc notávit, Damna ligni ut sólveret . Dulce lignum, dulces clavos, Dulce pondus sústinet. . Hoc opus nostræ salútis Ordo depopóscerat, Multifórmis proditóris Ars ut artem fálleret; Et medélam ferret inde, Hostis unde læserat. . Crux fidélis inter omnes Arbor una nóbilis: Nulla silva talem profert Fronde, flore, gérmine. . Quando venit ergo sacri Plenitúdo témporis, Missus est ab arce Patris Natus, orbis Cónditor; Atque ventre virgináli Carne amíctus pródiit. . Dulce lignum, dulces clavos, Dulce pondus sústinet. . Vagit infans inter arcta Cónditus præsépia: Membra pannis involúta Virgo mater álligat: Et Dei manus, pedésque Stricta cingit fáscia. . Crux fidélis inter omnes Arbor una nóbilis: Nulla silva talem profert Fronde, flore, gérmine. . Lustra sex qui jam perégit, Tempus implens córporis, Sponte líbera Redémptor Passióni déditus, Agnus in Crucis levátur Immolándus stípite. . Dulce lignum, dulces clavos, Dulce pondus sústinet. . Felle potus ecce languet: Spina, clavi, láncea Mite corpus perforárunt, Unda manat, et cruor: Terra, pontus, astra, mundus, Quo lavántur flúmine! . Crux fidélis inter omnes Arbor una nóbilis: Nulla silva talem profert Fronde, flore, gérmine. . Flecte ramos arbor alta, Tensa laxa víscera, Et rigor lentéscat ille, Quem dedit natívitas: Et supérni membra Regis Tende miti stípite. . Dulce lignum, dulces clavos, Dulce pondus sústinet. . Sola digna tu fuísti Ferre mundi víictimam: Atque portum præparáre Arca mundo náufrago; Quem sacer cruor perúnxit, Fusus Agni Córpore. . Crux fidélis inter omnes Arbor una nóbilis: Nulla silva talem profert Fronde, flore, gérmine. . Sempitérna sit beátæ Trinitáti glória: Æqua Patri, Filióque: Par decus Paráclito: Uníus Triníque nomen Laudet univérsitas. Amen. . Dulce lignum, dulces clavos, Dulce pondus sústinet. |
Fiel madeiro da cruz. Ó árvore sem rival! Que selva outra produz. Que traga em si fruto igual? Quão doce peso conduz O lenho celestial! . Canta, ó língua, o glorioso Duro combate da Cruz! Eis o tema generoso Que hoje o teu canto conduz Da morte vitorioso, Morre no lenho Jesus! . Fiel madeiro da cruz. Ó árvore sem rival! Que selva outra produz. Que traga em si fruto igual? . O Criador apiedado Da maldição que ocorreu, Quando do lenho vedado Adão o fruto mordeu, Para curar o pecado O mesmo lenho escolheu! . Quão doce peso conduz O lenho celestial! . Tal a ordem requerida Na obra da salvação: Com arte fosse iludida A arte da tentação. De novo brotasse a vida No lenho da maldição. . Fiel madeiro da cruz. Ó árvore sem rival! Que selva outra produz. Que traga em si fruto igual? . Quando do tempo sagrado A plenitude chegou, Do seio do Pai mandado, Ao mundo o Filho abaixou: De uma Virgem sem pecado, A nossa carne tomou. . Quão doce peso conduz O lenho celestial! . No estreito presépio chora O rei eterno dos céus. Sua Mãe, Nossa Senhora, O enfaixa nos panos seus: Por frágeis laços embora, Cativo o corpo de Deus! . Fiel madeiro da cruz. Ó árvore sem rival! Que selva outra produz. Que traga em si fruto igual? . Já tendo o tempo cumprido Da sua vida mortal, Só para a morte nascido, Em ato sacerdotal, Na dura Cruz é erguido O bom Cordeiro pascal. . Quão doce peso conduz O lenho celestial! . Já cravam-lhe cravos fundos (Ó espinhos, fel e dardos!) Escorre o sangue fecundo Dos doces membros furados. Estrelas, mar, terra, mundo, Por tal rio são lavados! . Fiel madeiro da cruz. Ó árvore sem rival! Que selva outra produz. Que traga em si fruto igual? . Inclina um pouco os teus ramos Tuas fibras amolece. Durezas que em ti buscamos, Hoje pedimos-te: esquece! Ao Rei que em ti nós pregamos Um doce leito oferece. . Quão doce peso conduz O lenho celestial! . Só tu digna foste achada De suster do mundo o preço De preparar-nos a entrada No porto que não mereço. Alma em sangue banhada Na tua nudez me aqueço. . Fiel madeiro da cruz. Ó árvore sem rival! Que selva outra produz. Que traga em si fruto igual? . Louvor e glória à Trindade. Ao Deus trino, Sumo Bem, Ao Pai e ao Filho, em verdade. O mesmo louvor convém. Assim como à santidade Do Espírito Santo. Amém. . Quão doce peso conduz O lenho celestial! |
4. A COMUNHÃO
A quarta parte da Solene Ação Litúrgica da Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor sofreu grande alteração com o decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, que renovou toda a ordem da Semana Santa. Foram-lhe tirados todos os traços, que poderiam lembrar uma Missa e ficou apenas um rito de Comunhão.
Depois da adoração da Cruz, o Celebrante toma paramentos roxos. Se houver diácono, este vai buscar o SSmo. Sacramento no altar onde fora depositado na véspera; caso contrário, vai o próprio Celebrante. Em ambos os casos, deve o portador do SSmo. Sacramento ser acompanhado apenas por dois acólitos com candelabros acesos, e um clérigo com uma umbela.
Durante a vinda do Ssmo. Sacramento cantam-se as três antífonas seguintes:
I Antífona
Adorámus te, Christe, et benedícimus tibi, quia per Crucem tuam redemísti mundum. | Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos, porque pela vossa Cruz remistes o mundo. |
II Antífona
Per lignum servi facti sumus, et per sanctam Crucem liberáti sumus: fructus árboris sedúxit nos, Fílius Dei redémit nos. | Pelo lenho fomos feitos escravos, e pela santa Cruz fomos libertados; o fruto da árvore nos seduziu, o Filho de Deus nos remiu. |
III Antífona
Salvátor mundi, salva nos: qui per Crucem et Sánguinem tuum redemísti nos, auxiliáre nobis, te deprecámur, Deus noster. | Salvai-nos, Salvador do mundo; Vós, que nos remistes por vossa Cruz e vosso Sangue, ajudai-nos, pedimo-Vos, nosso Deus. |
Colocado o SSmo. Sacramento sobre o altar, o Celebrante dirige aos fiéis o convite para rezarem todos juntos a Oração dominical, como preparação para a Comunhão. O Celebrante, de mãos postas, diz sozinho:
Orémus. Proecéptis salutáribus móniti, et divina institutióne formáti, audémus dícere: | Oremos: Instruídos com salutares preceitos e dirigidos pela divina instituição, ousamos dizer: |
O Celebrante, igualmente de mãos postas, e todos os presentes, prosseguem, em latim:
PATER NOSTER, QUI ES IN CAELIS: *
SANCTIFICÉTUR NOMEN TUUM. *
ADVÉNIAT REGNUM TUUM. *
FIAT VOLÚNTAS TUA, SICUT IN CAELO, ET IN TERRA. *
PANEM NOSTRUM QUOTIDIÁNUM DA NOBIS HÓDIE: *
ET DIMÍTTE NOBIS DÉBITA NOSTRA. *
SICUT ET NOS DIMÍTTIMUS DEBITÓRIEUS NOSTRIS. *
ET NE NOS INDÚCAS IN TENTATIÓNEM; *
SED LÍBERA NOS A MALO. *
AMEN.
O Celebrante sozinho, com voz clara e distinta, as mãos estendidas, prossegue:
Líbera nos, quǽsumus, Dómine, ab ómnibus malis, prætéritis, præséntibus et futúris: et intercedénte beáta et gloriósa semper Vírgine Dei Genetríce María, cum beátis Apóstolis tuis Petro et Paulo, atque Andréa, et ómnibus Sanctis, (non signat se Patena) da propítius pacem in diébus nostris: ut, ope misericórdiæ tuæ adjúti, et a peccáto simus semper líberi et ab omni perturbatióne secúri. Per eúndem Dóminum nostrum Jesum Christum… ℞. Amen. |
Livrai-nos, Senhor, nós Vos pedimos, de todos os males passados, presentes e futuros, e pela intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, e de vossos bem-aventurados Apóstolos Pedro, Paulo e André, e de todos os Santos, daí-nos, benigno, a paz em nossos dias, para que, assistidos com o socorro de vossa misericórdia, sejamos sempre livres dos pecados e seguros de toda perturbação. Pelo mesmo J. C. ℞. Amén. |
E logo recita o Celebrante, em voz submissa, a oração seguinte:
Percéptio Córporis tui, Dómine Jesu Christe, quod ego indígnus súmere præsúmo, non mihi provéniat in judícium et condemnatiónem: sed pro tua pietáte prosit mihi ad tutaméntum mentis et córporis, et ad medélam percipiéndam: Qui vivis et regnas. | Este vosso Corpo, Senhor Jesus Cristo, que eu, que sou indigno, ouso receber, não seja para mim causa de juízo e condenação; mas por vossa piedade sirva de defesa à minha alma e ao meu corpo, e de remédio a meus males. Vós que, sendo Deus, viveis e reinais. |
O Celebrante bate três vezes no peito, dizendo:
Domine, non sum dignus, ut intres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanábltur anima mea. | Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e minha alma será curada. |
O Sacerdote comunga o Corpo de Nosso Senhor:
Corpus Dómini nostri Jesu Christi custódiat ánimam meam in vitam aetérnam. Amen, | O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a minha alma para a vida eterna. Amém. |
Depois de ter comungado o Celebrante, podem comungar todos os que estiverem preparados. Terminada, o Celebrante diz em ação de graças, as três orações seguintes, estando todos de pé.
I. Oração
Orémus. Super pópulum tuum, quaesumus, Dómine, qui passiónem et mortem Fílii tui devóta mente recóluit, benedíctio copiósa descéndat, indulgéntia véniat, consolátio tribuátur, fides sancta succréscat, redémptio sempitérna firmétur. Per eúndem Christum D.N. | Oremos. Sobre o vosso povo, Senhor, que celebrou com amor a Paixão e Morte de vosso Filho, desça copiosa bênção, venha o perdão, seja dado o consolo, cresça a fé e se firme a eterna redenção. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. |
II. Oração
Orémus. Omnípotens et miséricors Deus, qui Christi tui beáta passióne et morte nos reparásti: conserva in nobis operam misericórdise tuae; ut, hujus mystérii participatióne, perpétua devotióne vivámus. Per eúndem Christum Dóminum nostrum. | Ó Deus onipotente e misericordioso, que nos regenerastes pela bem-aventurada Paixão e Morte de vosso Cristo, conservai em nós a obra de vossa misericórdia, a fim de que. pela participação neste Mistério, vivamos sempre fiéis. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. |
III. Oração
Orémus. Reminíscere miseratiónum tuárum, Dómine, et fâmulos tuos aetérna protectióne sanctífica, pro quibus Christus, Fílius tuus, per suum cruórem, instítuit paschále mystérium. Per eúndem Christum Dóminum nostrum. | Recordai-vos, Senhor, de vossas misericórdias, e santificai por uma eterna proteção os vossos servos, pelos quais Cristo, vosso Filho, instituiu com seu Sangue, o Mistério pascal. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. |
Depois, o Celebrante e os ministros sacros descem do altar e feita a genuflexão, voltam à sacristia.
Traduções e comentários extraídos do Missal Quotidiano de D. Beda (1962), com adaptações à luz do Missal de D. Gaspar Lefebvre (1963).